sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O ofício do insuportável.

Não suporto o benfica (the horror, the horror…). Agora que resolvemos este assunto podemos passar ao próximo:

O meu Sporting, este ano, e agora repito-me até à exaustão, começou tarde e a más horas o campeonato. 12 pontos de diferença para o primeiro classificado é muito, daqueles muitos que parece que não acabam. Veio o inverno e com ele um treinador e um director para o futebol (agora outro), lembrámo-nos do que era isso de se ganhar jogos e o Sporting é agora um bocadinho mais Sporting. Naturalmente que não suporto mais o benfica por isto. Eles são os outros, uns outros muito presentes (são muitos, diz-se por aí) e muito chatos.

Por uma questão de calendário, o meu Sporting pode muito em breve, e ironicamente, deixar o benfica no primeiro lugar, pela primeira vez este ano. Jogamos com o braga e queremos os três pontos. Na mesma jornada eles estarão noutro lado. Faz parte do futebol. Mas é assim que funciona. Fruto das circunstâncias, o benfica tem muito a ganhar com a nossa vitória. Isso não me incomoda mas também não suporto o benfica mais por isso.

Neste mesmo inverno comprámos um jogador titular ao braga. O braga pode estar 12 pontos acima de nós – podia estar 30, pouco importa. Mas enquanto estiverem à nossa frente e for matematicamente possível, então são nossos rivais. Sim, o muito de vantagem que têm agora é um muito bem gordo. Mas eles são o braga e o meu Sporting é o Sporting. Eles até podem ter o nosso nome. Até podem estar no lugar que eu queria estar. E posso até, por instantes, invejá-los. Mas eu quero ir até lá. E eles continuam a não ser o Sporting.

Eu não suporto o benfica. Também não suporto colegas incompetentes. Não suporto esperas ao frio sem um cigarro, nem conversas de doentes, nem novelas da TVI, nem o apito irritante do meu despertador – embora seja só por isso que ele me acorde. Eu não suporto o porto. Mas falo apenas de um nível de insuportabilidade suportável. São grandes rivais, no fim de contas. E por isso se goza e por se critica. Por isso parece-me normal que o benfica e o porto tenham desfrutado da badalada crise leonina. Por isso o Sá Pinto é bom assunto, para mim, sportinguista, e para os outros, que não o são mas que dão atenção ao Sporting. É normal esta atenção, afinal e contas partilhamos o mesmo espaço competitivo, de debate, de gozo entre amigos e até de insultos. E por isso eu compreendo que o porto não suporte o benfica.

O que eu estranho, e talvez isso seja de mim, é que no Dragão parece que, mais importante do que ganhar, é que o benfica não ganhe. Eles lá sabem. Ao menos quando pinto da costa andava metido em escutas era uma desonestidade para proveito próprio. Mas por enquanto é o braga que está em primeiro, que tem seis pontos de vantagem e que está a disputar o título. O Sporting foi lá buscar o joão pereira. O porto empresta-lhes o rentería. Não precisam dele, aceita-se, mas se houve um sítio onde o rentería até deu cartas, foi em braga. E agora será certamente um jogador útil. Não me passava pela cabeça emprestar algum jogador do Sporting a um clube que esteja a disputar o que nós queremos. Ao porto, pelos vistos, sim. Eu não suporto o benfica nem o porto. Mas também não suporto ser-se masoquista e sádico ao mesmo tempo. É uma coisa estranha, que atropela as definições de uma relação tão simples.

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