A Mata Real.

Isto não é uma coisa fácil de explicar. Mas a importância da coisa justifica-o. A Mata Real é o campo que mais me assusta em Portugal. Gosto de ver o Sporting em jogos grandes, nacionais ou europeus. É sempre motivante e mesmo que não corra bem é um desafio. Mas depois há coisas destas que nos deixam traumatizados. Desde que me lembro, o Sporting sofre sempre que se farta no terreno do paços. É uma coisa idiota e sem sentido mas só na última década foram mais os jogos que não ganhámos lá, do que os que ganhámos. E incluem-se nisso vexames absurdos como o 4-0 em 2002/03 e o 3-0 em 2005/06.

A Mata Real é uma espécie de Apocalypse Now para o Sporting. Percorremos aquele espaço obscuro, numa viagem sinistra, com sons estranhos a ecoar pelo estádio, e acabamos várias vezes como Marlon Brando, o olhar já vago, o horror, o horror. E dá em merda. Já deu em merda tantas vezes que quando ganhamos nem há felicidade. Só um misto de alívio e pânico calmo enquanto penso: hoje não há nada a dizer.

Como vantagem pequenina temos o facto de o Paulito conhecer bem aquele terreno medíocre, com as bancadas claustrofóbicas a delimitar as patéticas linhas. Deve ser o campo mais pequeno do campeonato (é, há vários anos, dos mais pequenos) mas parece sempre o Evereste.

Este ano estamos claramente acima da mediocridade do ano passado. Penso que não terei tantas razões para desesperar como me aconteceu no ano passado. Mas este fim-de-semana, na primeira jornada, vou tremer a cada bola que passar do meio campo. É demasiado e espero que a coisa acabe rápido. Por favor.