terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Crónicas do tempo da loucura I

Ainda mal era rei e já se armava, a caminho de terras prometidas na terceira de uma trilogia que tinha tanto de esquizofrenia religiosa quanto de errado. Eram as cruzadas e este era um tempo coberto de incógnitas. Virou herói, mérito das circunstâncias do seu tempo. Virou ícone; ele era o nobre e o herói que mitos e lendas partilhadas de boca em boca ajudaram a criar. A barba seria certamente mais porca do que Hollywood nos fez crer. Mas o que fascina, mais do que as histórias de membros decepados e heróis inventados tombados em palácios, ruas e campos inundados de sangue, é a certeza de que quando caiu o fez porque não foi capaz de lidar consigo próprio. Tornou-se herói, na sua terra e para além dela. Mas, ensimesmado – especula-se – acabou por falhar a quem devia mais amor. Abandonou a casa uma e outra vez e acabou por cair longe, já por coisas sem fé, sem força e sem importância. A 26 de Março de 1199, Ricardo Coração de Leão foi ferido. Viria a morrer 11 dias depois.

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