segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O que me choca


O que me choca neste sporting é a perda de identidade de um grande, ou de um clube que luta sempre para ser campeão, que começou há cerca de… há quanto tempo? Nem sei bem.

Ser-se adepto do Sporting é uma lição de sofrimento, bem o digo ao nalitzis. É a vã e débil esperança ser todos os anos arrastada e arrasada pelos ventos imperdoáveis do futebol que por eles não passa. E todos os anos o Sporting não aprende, e todos os anos o Sporting não consegue criar uma equipa sólida, com um bom treinador, que lhe permita ganhar jogos.

O próprio Inácio, no fim da época em que foi campeão pelo Sporting, dizia “isto pronto, no Sporting é mesmo assim, vamos ganhar e ser campeões esta época mas um gajo nunca consegue estar no banco dos treinadores a fumar um cigarrinho, tem que ficar a sofrer até à última jornada”. E é verdade. Há sempre coração nas mãos, há sempre vitórias incríveis na Europa quando é preciso e, depois, marcações de passo contra equipas banais (empates) – olhanense, anyone?, plantéis feitos e colados com cuspe – djalós? Liedsons já com os pés pá cova? Pedro Mendes em fins de carreira? Maniches gordos? Postigas, que serão sempre eternas promessas com 3 golos marcados em 2 anos de jogos oficiais? Mathias fernandez, que anda a enganar os adeptos há mais de um ano que ainda acreditam que “ná, ele é jogador, ainda se vai revalar, vais ver”? Vuckcevics irregulares, izmailovs em lutas com a direcção, e o melhor guarda-redes do seu plantel sempre no banco? The list goes on and on and on. E há também muitas mortes na praia, muitas finais perdidas, que só se explicam admitindo-se que o Sporting não tem cultura ganhadora, vencedora, e não a tem há muito tempo.

É ridículo e mete dó o Sporting ter perdido assim com o Benfica desta maneira. Mérito do Benfica que até nem jogou mal – mas admitamos, nem jogou nada de especial, cumpriu, foi superior, totalmente superior, mas não cilindrou ou jogou super bem e super bonito – mas muito mais demérito deste Sporting. Não há pinheiros, não é? Mas como é que é possível, pergunto-me eu? O benfas estava em décimo-terceiro e podiam cavar uma distância de sete pontos. Vinham de uma vitória do Lille e tinham rodado a equipa. Não havia cá merdas, era no balneário um Vamos pá frente, até os comemos caralho, venha quem vier morre, etc. mas não. Viu-se um Sporting amorfo – viu-se o Sporting como perfeito avatar do espírito que passa por todo o clube – um clube trabalhador, Bona fide, que aposta nas modalidades e é uma verdadeira associação desportiva. Mas um clube que – pelo menos no futebol – não sabe ganhar. Não sabe ganhar, não quer ganhar, tem medo de ganhar, e não tem espírito ganhador. Não arranca com tudo e nunca leva tudo à frente. É o Sporting. O terceiro grande. É uma constatação.

Deste modo, não merecem nada pelo que se passou ontem. Nada. Nem pena, talvez. Porque com a dimensão que têm, deveriam ter feito muito melhor trabalho. Agora, vão acabar, talvez nos primeiros cinco lugares da classificação no final da época, mas duvido que passem sequer do terceiro. Um clube assim que nunca ganha nada… enfim, eu, se fosse adepto do Sporting – e até simpatizo com eles – teria vergonha do meu clube, e revolta para com a minha direcção. Exigiria mudanças, mudança de cultura, de treinador, de platel, foda-se, go for broke. Entrar mesmo pa ganahr o campeonato. Mas assim?

Parabéns ao Benfica. Jogou bem sem deslumbrar. Repto ao Sporting: tenham vergonha em vocês próprios. Quem anda assim a arrastar os pés e o espírito não merece nunca dizer que entram para serem campeões. E não o fazerem é não serem um dos grandes. O Benfica conseguiu banalizar-vos. E neste momento vocês são apenas um incómodo – o vizinho da segunda circular que fica sempre atrás deles.

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