quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A lenda urbana que assombra o Colombo

Vinha no metro. Já se viam algumas pessoas a usar máscara com receio da gripe A. Encontro um velhinho agarrado a uma botija de ar. Chegámos à estação do colégio militar. Eu com compromissos profissionais. O velhote, não se sabe. Com as costas curvadas, a bengala meio torta... lá me deu uma de bom samaritano.

Precisa de ajuda, velhote?
- Eu, meu jovem? Nada disso, sou forte como um touro [cof, cof]!
Deixe-se disso, homem. Eu ajudo-o.
- Ah, pode ser. Antigamente é que era, meu jovem. Havia o bom, velho e ditatorial regime que me levava às costas para todo o lado. Hoje em dia as coisas são diferentes...
(O velhote é meio senil, pensei. Mas coitado, não o ia deixar assim) É verdade, é verdade. Diga-me, para onde vai?
- Para ali - aponta ele para uma montanha de cimento tingida a vermelho; um pouco mais ao lado já se via o sinal da loja da media markt.

O velhote continua a falar.

Ah, meu jovem, você havia de me ter visto antigamente. Tudo era glória e alegrias. Eu era o maior. Todos queriam estar comigo, ganhava coisas, era uma alegria. Ainda para mais eram tempos de grande analfabetismo, as pessoas eram ignorantes e oprimidas. Como os que pensavam eram presos, a todos os outros restava-lhes parcas alegrias. Era aí que eu surgia, todo triunfante. Foram bons tempos. Depois o ditador velhote caiu da cadeira. A democracia chegou e quase sem se dar por isso comecei a envelhecer. Ao início perderam o medo, depois era eu qeue me acagaçava todo. Nos últimos anos borro-me com facilidade. Uso fraldas quando me chamam. Quando as coisas são a brincar ainda dá para me ir enganando. Mas quando as coisas são a sério já mal sinto as pernas. Deixei de falar português. Falo uma mistura de espanhol com sotaque brasileiro. Tive de enganar os bancos e o estado para manter o estilo de vida de antigamente. Mas quem me conhece sabe que já não sou o mesmo.

Por esta altura reparei numa lágrima no canto do olho. O velhote voltou a tossir e continuou a falar.

É o que se arranja - disse. Estou quase a morrer. Ah quem diga que antes de se morrer uma pessoa costuma ter uma melhoria. É assim que me sinto. Depois tudo acaba. E também eu estou quase a acabar. Fiz um último esforço, para dar aos meus amigos um vislumbre das alegrias de outrora. Mas é pena. Toda a gente sabe que isto não é como antigamente. Eles vão ficar desiludidos... Mas é a vida.

Despedi-me do velhote. Vi-o depois a caminho do estádio da luz. Ao lado, a estátua do eusébio já enferrujada. Ao alto, uma águia dourada de asas abertas começou a chorar. O velhote entrou no estádio. Um homem de bigode farfalhudo(conhecido pela importação de pneus colombianos e pela construção civil para os lados de Alverca) chamou o velhote. Entre, disse o homem do bigode. Já podemos escolher o seu caixão. O enterro está aí a chegar e não tem mal nenhum adiantar trabalho. Você está pelas horas da morte, não é, ó velhote? Ao menos podemos fazer com que a sua morte seja como tudo era antigamente... gloriosa.

Por essa altura o velhote desapareceu. O estádio lá continua. Mas lá dentro ninguém sabe ao certo se ainda existe uma equipa de futebol portuguesa...

12 comentários:

danny disse...

LOOOL k texto do crl!

danielrcarvalho disse...

olha que o velhote este ano vai rejuvenescer, e também não fazia mal se falasse chinês ou coreano!

João Bizarro disse...

Está engraçado. Embora o conteúdo sejam só balelas! Mas pronto, quem acredita nisso farta-se de rir.

Além disso quem dera a todos os velhinhos à beira da morte terem o estádio cheio em 2 jogos amigáveis! Os jovens robustos e musculados nem nos jogos oficiais os têm!

São essas as verdades que alguns ocultam e depois inventam mitos urbanos!

danielrcarvalho disse...

Pergunto-te a ti NALITZIS KRPAN, já que escreveste o texto e como sportinguista, qual é a necessidade que vocês sportinguistas e tb os portistas, sim porque deve ser a mesma, têm de falar no BENFICA? Será que o vosso clubezinho não vos dá tema de conversa? Mas eu até gosto que falem! Só mostra a nossa grandeza! Ainda quero ver o artigo que vais escrever em Maio, quando formos campeões.

Nalitzis Krpan disse...

Como é natural, não estava à espera que a generalidade benfiquista percebesse o conteúdo ficcional e metafórico deste simples texto. Isto de ler não é para todos e infelizmente a maior parte dos benfiquistas sabe pouco ou nada de português.

Mas não há problema, cambada vermelha.

Começa tudo com b-a ba.

O resto vão ter de estudar nos livros da primária.

Ah, para o danielrcarvalho vai uma dedicatória especial.

"eu até gosto que falem! Só mostra a nossa grandeza!" e coisas afins são puro, bem enrolado e mal cagado cliché. Também conheço esse espécime de adepto. É jovem e burro. Envelhece gordo e morre burro. E basicamente é isso.

As regras aqui no Apita-me são simples: falamos. Se não gostas de ouvir outras coisas que não sejam "benfas glorioso", "somos os maiores e coiso" então vais ter de ir a outro blog ou masturbar-te a ler a bola. Aqui fala-se. Infelizmente os meus colegas de outras cores que não o verde têm alguma dificuldade em acertar nas opiniões correctas. Mas por isso é que Deus fez o Sportinguista! Foi para educar o resto da humanidade, se não isto já tinha sido o descalabro. Já viste se o Adão e a Eva (bela alegoria, hem!) fossem benfiquistas? Já imaginaste a primeira mulher da humanidade toda gorda com um avental a dizer "sou uma águia na cozinha"?

Se fosse esse o caso nunca teríamos inventado a roda...

Cláudio Kralj disse...

essa merda do "falem que só mostram a nossa grandeza" é a mesma coisa que dizer que queremos fazer um broche ao sócrates só porque nos queixamos das suas políticas de merda.

cresçam seus benfiquistas cegos pelos média.

Cláudio Kralj disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bossio Rojas disse...

Colega Cláudio,

O conceito é exactamente o oposto. É dizer que a Manuela Ferreira Leite está ultrapassada e já não vale nada e continuar a fazer-lhe minetes.

Cláudio Kralj disse...

acho que até prefiro fazer um broche ao sócrates do que um minete à manuela.

Cláudio Kralj disse...

acho que até prefiro fazer um broche ao sócrates do que um minete à manuela.

Anónimo disse...

eu logo vi que estes tripeiros são todos uns paneleiros.

Cláudio Kralj disse...

não tem nada a ver, é que entre o sócrates e a manuela nunca sei bem quem é o homem.

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