Vinha no metro. Já se viam algumas pessoas a usar máscara com receio da gripe A. Encontro um velhinho agarrado a uma botija de ar. Chegámos à estação do colégio militar. Eu com compromissos profissionais. O velhote, não se sabe. Com as costas curvadas, a bengala meio torta... lá me deu uma de bom samaritano.
Precisa de ajuda, velhote?
- Eu, meu jovem? Nada disso, sou forte como um touro [cof, cof]!
Deixe-se disso, homem. Eu ajudo-o.
- Ah, pode ser. Antigamente é que era, meu jovem. Havia o bom, velho e ditatorial regime que me levava às costas para todo o lado. Hoje em dia as coisas são diferentes...
(O velhote é meio senil, pensei. Mas coitado, não o ia deixar assim) É verdade, é verdade. Diga-me, para onde vai?
- Para ali - aponta ele para uma montanha de cimento tingida a vermelho; um pouco mais ao lado já se via o sinal da loja da media markt.
O velhote continua a falar.
Ah, meu jovem, você havia de me ter visto antigamente. Tudo era glória e alegrias. Eu era o maior. Todos queriam estar comigo, ganhava coisas, era uma alegria. Ainda para mais eram tempos de grande analfabetismo, as pessoas eram ignorantes e oprimidas. Como os que pensavam eram presos, a todos os outros restava-lhes parcas alegrias. Era aí que eu surgia, todo triunfante. Foram bons tempos. Depois o ditador velhote caiu da cadeira. A democracia chegou e quase sem se dar por isso comecei a envelhecer. Ao início perderam o medo, depois era eu qeue me acagaçava todo. Nos últimos anos borro-me com facilidade. Uso fraldas quando me chamam. Quando as coisas são a brincar ainda dá para me ir enganando. Mas quando as coisas são a sério já mal sinto as pernas. Deixei de falar português. Falo uma mistura de espanhol com sotaque brasileiro. Tive de enganar os bancos e o estado para manter o estilo de vida de antigamente. Mas quem me conhece sabe que já não sou o mesmo.
Por esta altura reparei numa lágrima no canto do olho. O velhote voltou a tossir e continuou a falar.
É o que se arranja - disse. Estou quase a morrer. Ah quem diga que antes de se morrer uma pessoa costuma ter uma melhoria. É assim que me sinto. Depois tudo acaba. E também eu estou quase a acabar. Fiz um último esforço, para dar aos meus amigos um vislumbre das alegrias de outrora. Mas é pena. Toda a gente sabe que isto não é como antigamente. Eles vão ficar desiludidos... Mas é a vida.
Despedi-me do velhote. Vi-o depois a caminho do estádio da luz. Ao lado, a estátua do eusébio já enferrujada. Ao alto, uma águia dourada de asas abertas começou a chorar. O velhote entrou no estádio. Um homem de bigode farfalhudo(conhecido pela importação de pneus colombianos e pela construção civil para os lados de Alverca) chamou o velhote. Entre, disse o homem do bigode. Já podemos escolher o seu caixão. O enterro está aí a chegar e não tem mal nenhum adiantar trabalho. Você está pelas horas da morte, não é, ó velhote? Ao menos podemos fazer com que a sua morte seja como tudo era antigamente... gloriosa.
Por essa altura o velhote desapareceu. O estádio lá continua. Mas lá dentro ninguém sabe ao certo se ainda existe uma equipa de futebol portuguesa...
12 comentários:
LOOOL k texto do crl!
olha que o velhote este ano vai rejuvenescer, e também não fazia mal se falasse chinês ou coreano!
Está engraçado. Embora o conteúdo sejam só balelas! Mas pronto, quem acredita nisso farta-se de rir.
Além disso quem dera a todos os velhinhos à beira da morte terem o estádio cheio em 2 jogos amigáveis! Os jovens robustos e musculados nem nos jogos oficiais os têm!
São essas as verdades que alguns ocultam e depois inventam mitos urbanos!
Pergunto-te a ti NALITZIS KRPAN, já que escreveste o texto e como sportinguista, qual é a necessidade que vocês sportinguistas e tb os portistas, sim porque deve ser a mesma, têm de falar no BENFICA? Será que o vosso clubezinho não vos dá tema de conversa? Mas eu até gosto que falem! Só mostra a nossa grandeza! Ainda quero ver o artigo que vais escrever em Maio, quando formos campeões.
Como é natural, não estava à espera que a generalidade benfiquista percebesse o conteúdo ficcional e metafórico deste simples texto. Isto de ler não é para todos e infelizmente a maior parte dos benfiquistas sabe pouco ou nada de português.
Mas não há problema, cambada vermelha.
Começa tudo com b-a ba.
O resto vão ter de estudar nos livros da primária.
Ah, para o danielrcarvalho vai uma dedicatória especial.
"eu até gosto que falem! Só mostra a nossa grandeza!" e coisas afins são puro, bem enrolado e mal cagado cliché. Também conheço esse espécime de adepto. É jovem e burro. Envelhece gordo e morre burro. E basicamente é isso.
As regras aqui no Apita-me são simples: falamos. Se não gostas de ouvir outras coisas que não sejam "benfas glorioso", "somos os maiores e coiso" então vais ter de ir a outro blog ou masturbar-te a ler a bola. Aqui fala-se. Infelizmente os meus colegas de outras cores que não o verde têm alguma dificuldade em acertar nas opiniões correctas. Mas por isso é que Deus fez o Sportinguista! Foi para educar o resto da humanidade, se não isto já tinha sido o descalabro. Já viste se o Adão e a Eva (bela alegoria, hem!) fossem benfiquistas? Já imaginaste a primeira mulher da humanidade toda gorda com um avental a dizer "sou uma águia na cozinha"?
Se fosse esse o caso nunca teríamos inventado a roda...
essa merda do "falem que só mostram a nossa grandeza" é a mesma coisa que dizer que queremos fazer um broche ao sócrates só porque nos queixamos das suas políticas de merda.
cresçam seus benfiquistas cegos pelos média.
Colega Cláudio,
O conceito é exactamente o oposto. É dizer que a Manuela Ferreira Leite está ultrapassada e já não vale nada e continuar a fazer-lhe minetes.
acho que até prefiro fazer um broche ao sócrates do que um minete à manuela.
acho que até prefiro fazer um broche ao sócrates do que um minete à manuela.
eu logo vi que estes tripeiros são todos uns paneleiros.
não tem nada a ver, é que entre o sócrates e a manuela nunca sei bem quem é o homem.
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